quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael is dead!

morreu o Michael...

impõe-se a pergunta de sempre: quem era o Michael? um monstro que comia criancinhas ao pequeno-almoço, ou um bom homem incomppreendido?

bom, sem dúvida, foi um génio: um génio que revolucionou a dança, o pop e o r&b... o maior "performer" da história e o impulsionador da indústria dos vídeos musicais...

ok, ok, estou a debitar os clichés que vamos ouvir toda a semana, todos os meses, todos os aniversários da sua morte, casamento, nascimento, etc

mas ser génio tem destas coisas: vem sempre com um karma danado: não é fatalidade, destino, azarina... é uma combinação de alguma fragilidade, fruto da incompreensão que os génios vivenciam, e da mais humana e mesquinha das acções: o aproveitamento das outras pessoas, a manipulação de quem quer enriquecer à custa do talento alheio...

embora tenha tendência para achar que os mortos eram os melhores do mundo, não o estou a isentar... provavelmente foi culpado de tudo aquilo que o acusaram, e era um chanfrado, como qq pessoa que faz aquilo à cara é,

Mas eu tenho pena! e culpo também as pessoas que desde os cinco anos nunca lhe disseram para parar, nunca lhe disseram que ele seria amado mesmo se não fizesse aquelas parvoíces todas...

ouço na CNN a canção ABC, e vejo um míudo enternecedor, que quando chegava a casa era invejado pelos irmãos (que, embora mais velhos, estavam confinados ao coro), que era surrado e explorado pelo pai.

vejo um homem que nunca teve um dermatologista que lhe dissesse: pára, e trata-te.

vejo pais de criancinhas que deixavam os filhos à solta num parque infantil de um cantor com síndrome se Peter Pan, e que dormia numa câmara de gás... DOES IT RING A BELL?

vejo managers que o incentivavam a fazer figuras tristes, a filmar clips com chapéu sobre a cara para não se verem os buracos nasais no lugar do nariz...

e não me esqueço dos vídeos, da energia, da voz, e dos passos que tentávamos imitar na escola (ok, quando dá o Billie Jean eu ainda tento)

do black and white, que me fez definitivamente perceber que éramos todos iguais, e que o mundo era um sítio maravilhoso por ser diversificado e cheio de costumes exóticos...

já que estou no Brasil, do clip "they don't care about us", onde pela primeira vez na minha vida vi os olhares carinhosos dos brasileiros da Baía, e me apercebi que realmente há uma porção gigantesca de gente ignorada, e dentre estes irrompem coisas fabulosas, formas de street art, como os Olodum, que davam colorido ao vídeo. Nunca me esquecerei do grito dele do cimo da favela, como que a pedir atenção, para ele, e para aqueles esquecidos que convivem com a degradação do morro.


Tudo não passava de manobra de marketing: até acredito, mas em mim, fez efeito.

por isso Michael, cantor solitário e mal-amado (ok, e tb um pouco charola) MISISON ACOMPLISHED!

p.s.- e ainda bem que nos poupaste à visão de ti com oitenta anos... como é que o teu focinho iria ficar??