segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

in the arms of the Ocean!


Hoje vou voltar a fazer um mix perigoso, que talvez ponha alguns leitores de cabelos em pé... mas comecei a ler o livro "o Princípe e a Lavadeira", do Padre Nuno Tovar de Lemos, e apaixonei-me à primeira história... pela simplicidade, pelo narrar do necessário, do complexo tornado simples através da perspectiva do amor!

"O peixe e o mar" é uma metáfora magistral, que explica o desafio da meditação, do conhecimento interior, a busca de uma transcendência, nesta vida que só vê a superfície.

Enquanto lia lembrei-me da música "Never let me go", da maravilha que é "ouvir com olhos de ler" o novo Ceremonials, da nova diva chamada Florence Welch. Tenho um post guardado sobre ela, mas artigos mais altos se levantam!

Não sei se concordam, mas eu acho que tem tudo a ver! a versão do CD é, quanto a mim, ainda melhor, mas blogs intimistas pedem canções acústicas.


E o livro pede que o leiam. Para vosso bem!



Texto extraído do livro O Príncipe e a Lavadeira, de Nuno Tovar de Lemos, sj - Ed. Paulinas, 2005

"Uma vez pediram a um peixe para falar do mar.
- Fala-nos do mar - disseram-lhe.
- Dizem que é muito grande o mar - respondeu o peixe. - Dizem que sem ele morreríamos. Não sou o peixe mais indicado para vos falar do mar. Eu, do mar, só conheço bem são estes dez metros à superfície. É só deles que vos posso falar. É aqui que passo o meu tempo, quase sempre distraído. Ando de um lado para o outro, à procura de comida ou simplesmente às voltas com o meu cardume. No meu cardume não se fala do mar. Fala-se das algas, das rochas, das marés, dos peixes grandes e perigosos, dos peixes pequenos e saborosos e de que temperatura fará amanhã. O meu cardume é assim: eles vão e eu vou atrás deles.
- Mas tu, que és peixe, nunca sentiste o mar?
- Creio que o sinto, às vezes, passar por minhas guelras. Umas vezes o sinto, outras não. Às vezes o sinto, quando não me distraio com outras coisas. Fecho os olhos e fico sentindo o mar. Isso tudo de noite, claro, para que os outros não vejam. Diriam que sou louco por dar tempo ao mar."

(...)

"É difícil ver as coisas que estão longe. Mas ainda é mais difícil ver aquelas que estão realmente perto. Até já pensei que talvez seja por causa disso que é difícil ver Deus, não porque ele esteja longe de nós mas, pelo contrário, por estarmos muito perto dele, talvez dentro dele, como O PEIXE E O MAR."

Para vocês (you know who), que apesar desta vida louca, nunca vêem só a superfície, e estão em mim como o peixe no mar!